sábado, 18 de abril de 2020

Quarentena: #fiqueemcasa #usemáscara

Estou hoje há trinta dias em casa. Nesse tempo, saí somente duas vezes para ir ao mercado, muito rapidamente.

Estou com o privilégio de poder trabalhar em casa. Alguns contratempos técnicos para quem não é nativo digital como eu, mas nada que cause sofrimento.

Ontem, com a casa toda aberta, vi o sol entrando pela janela do banheiro e se esparramando pelo corredor tão lindamente! Meu coração se encheu de alegria e de ternura pela minha casa. Casa de gente, casa de gatos, casa de cachorros, casa de orquídeas e de tantas plantas, casa que acolhe a quem nela chega.

Fiquei refletindo sobre o conceito de casa, na minha ótica. Temos a grande casa que é a nossa Nave Mãe Terra que nos leva pelo espaço sideral. Temos nosso país, nosso estado, nossa cidade, nossa casa-residência e com todas elas a nossa identidade.

Acredito que todos estejamos ressignificando nosso conceito de casa.

Sempre pensei em casa como lugar onde a gente possa se sentir bem. Hoje está sendo muito mais: hoje é o lugar onde todos podemos e devemos nos cuidar.

Para mim casa tem um sentido mais profundo ainda: casa é onde posso ficar longe de sons, de aparelhos ligados, é onde posso ouvir minha respiração, meus batimentos cardíacos, meu imenso silêncio. Só o fato de estar em casa já é uma outra dimensão, é como um estado meditativo.

No entanto, temos que falar sobre o cuidado. A origem da palavra é latina, do termo cogitare e cura e se refere diretamente ao cuidado do corpo e do espírito. Também tem o sentido de reflexão, atenção, cautela. Que bom que temos a possibilidade de nos cuidar! É só fazermos a nossa parte, ficarmos em isolamento social usarmos máscaras, álcool gel e seguirmos as determinações dos nossos governantes!

Já tivemos tantas pandemias na história da humanidade: a peste negra, a varíola, o cólera, a gripe espanhola, a poliomielite, a febre amarela no Brasil, a gripe suína.

Também na literatura tivemos obras que relatam períodos de pandemias.

Uma delas, o Cândido de Voltaire, onde o jovem com seu mestre Dr. Pangloss, passa por grandes peripécias, chega a um reino assolado por uma peste, onde conseguem a cura para o povo e também uma vida melhor. Embora o romance se caracterize como uma sátira às ideias de Leibnitz é uma das obras mais conhecidas de Voltaire.

A outra, A Peste de Albert Camus, que se passa numa pequena cidade da costa argelina em 1940, onde ratos saem dos subterrâneos e morrem na cidade, e as pessoas passam a contrair a doença e também a morrer. Nessa obra, o protagonista é o médico Dr. Rieux que luta até que a peste se dissipe.

Outra obra que me ocorre é Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago e narra a história da epidemia de cegueira branca que se espalha por uma cidade, causando um grande colapso na vida das pessoas e abalando as estruturas sociais.

Essas obras falam sobre a nossa condição humana, nossa fragilidade e transitoriedade.
Com certeza, temos que repensar nossas atitudes em todos os sentidos e nossa responsabilidade em face às consequências advindas delas.

Por isso, no momento presente, em que a maior coisa que nos está sendo cobrada é que nos cuidemos, tenhamos todos a responsabilidade de nos cuidar e assim também cuidar dos outros. Fiquemos em nossas casas! Tenhamos alteridade. #fiqueemcasa #usemáscara