terça-feira, 16 de junho de 2020

Bloomsday e algumas anotações sobre o Ulisses de James Joyce



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Sobre o BLOOMSDAY


Comemorado em 16 de junho é o dia instituído na Irlanda para homenagear o personagem Leopold Bloom,  protagonista de Ulisses, de James Joyce. Em todo o mundo, é o único dia dedicado ao personagem de um livro.
Bloomsday é comemorado na Irlanda e pelos amantes da literatura com diversos eventos oficiais e não oficiais. Também é comemorado todos os anos em vários lugares e em várias línguas. Em comum entre os muitos dedicados entusiastas e simpatizantes envolvidos nestas comemorações há o esforço por relembrar os acontecimentos vividos pelos personagens de Ulisses pelas dezenove ruas da cidade de Dublin em 19 horas do dia 16 de junho de 1904.
Há alguma controvérsia sobre o ano em que o Bloomsday começou a ser comemorado. Alguns especialistas indicam 1925 (três anos após o lançamento do livro); outros afirmam que foi na década de 1940, logo após a morte de Joyce, enquanto a hipótese mais aceita indica que foi em 1954, na data do quinquagésimo aniversário do dia retratado em Ulisses.
Hoje o Bloomsday é uma efeméride inserida no calendário cultural de vários países e não se restringe ao círculo de leitores da obra (de aproximadamente 900 páginas).




Sobre ULISSES de James Joyce
Fonte: O que importa em Oracy – Fátima Friedriczewski


Sem uma atenta leitura da Odisséia de Homero, torna-se quase impossível a leitura de Ulisses, pois esta é uma paródia da primeira.
A ação de Ulisses transcorre em Dublin num único dia, o dia 16 de junho de 1904, mais especificamente, em 19 horas desse dia.
A obra é narrada através de um prelúdio em três partes, um núcleo de doze capítulos e um final também tripartido. Ao todo formam 18 partes.
O número três é GHIMEL, a realização. As doze partes do núcleo são representadas por LAMED, o sofrimento. As 18 partes do todo correspondem a TSADE, ao arcano 18, que significa o inimigo oculto, a traição.
A divisão ternária, em perfeita simetria, evoca as significações cabalísticas do três. Estudos recentes de linguística, com auxílio de computador, dão ULISSES como a obra de estrutura matematicamente mais perfeita de toda a literatura.
Consta que Joyce utilizou o Denário Cabalístico de Kircher para a consecução das correspondências.
A linguagem utilizada por Joyce, que vai do poema à ópera, do sermão à farsa, contém não apenas termos usuais – da prosa clássica a mais grosseira gíria, mas também neologismos criados pelo autor, com base em seus conhecimentos de latim, grego, sânscrito e idiomas modernos.
ULISSES faz um paralelo com a Odisséia de Homero: Joyce cria uma viagem experimental ao mundo de hoje, obtendo vigorosa síntese de suas descobertas científicas, seus problemas sociais, religiosos, estéticos, sexuais.
No entanto, a Odisséia é composta de 24 partes ou cantos, e Ulisses, tem 18 partes.
As personagens centrais correspondem aos protagonistas da epopeia grega: Molly Bloom, esposa do herói, é Penélope; Stephen Dedalus é Telêmaco; Leopold Bloom é Ulisses.
Na obra de Homero, encontramos as aventuras de um herói, Odisseu. Há também sua esposa Penélope, que se manteve fiel ao marido, aguardando-o mesmo com o assédio de vários pretendentes. Completando, há Telêmaco, em constante busca pelo pai Odisseu.
Em paródia à obra de Homero, encontramos no romance de Joyce um marido traído (Leopold Bloom) que vive procurando por seu filho (Stephen Dedalus), uma filha que mora num internato e uma mulher infiel (Molly Bloom), que comete adultério naquele dia.
Na visão joyceana, a imagem de Ulisses é a de um ser arrasado, traído pela mulher, totalmente diverso do invencível herói criado por Homero.
O romance é considerado uma paródia moderna, na qual há o predomínio da auto-reflexividade. Neste tipo de literatura, há uma reativação do passado (no caso, a obra de Homero), dando-lhe um novo contexto e ressaltando a diferença de duas épocas.

Poema de Oracy Dornelles em homenagem a ULISSES de James Joyce:


encanto de Ulisses

                                 Oracy Dornelles


eu era
tu eras
ele ezra


eu ponho
tu pões
ele pound


eu gemo
tu gemes
ele james


eu oiço
tu ouves
ele joyce


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sábado, 18 de abril de 2020

Quarentena: #fiqueemcasa #usemáscara

Estou hoje há trinta dias em casa. Nesse tempo, saí somente duas vezes para ir ao mercado, muito rapidamente.

Estou com o privilégio de poder trabalhar em casa. Alguns contratempos técnicos para quem não é nativo digital como eu, mas nada que cause sofrimento.

Ontem, com a casa toda aberta, vi o sol entrando pela janela do banheiro e se esparramando pelo corredor tão lindamente! Meu coração se encheu de alegria e de ternura pela minha casa. Casa de gente, casa de gatos, casa de cachorros, casa de orquídeas e de tantas plantas, casa que acolhe a quem nela chega.

Fiquei refletindo sobre o conceito de casa, na minha ótica. Temos a grande casa que é a nossa Nave Mãe Terra que nos leva pelo espaço sideral. Temos nosso país, nosso estado, nossa cidade, nossa casa-residência e com todas elas a nossa identidade.

Acredito que todos estejamos ressignificando nosso conceito de casa.

Sempre pensei em casa como lugar onde a gente possa se sentir bem. Hoje está sendo muito mais: hoje é o lugar onde todos podemos e devemos nos cuidar.

Para mim casa tem um sentido mais profundo ainda: casa é onde posso ficar longe de sons, de aparelhos ligados, é onde posso ouvir minha respiração, meus batimentos cardíacos, meu imenso silêncio. Só o fato de estar em casa já é uma outra dimensão, é como um estado meditativo.

No entanto, temos que falar sobre o cuidado. A origem da palavra é latina, do termo cogitare e cura e se refere diretamente ao cuidado do corpo e do espírito. Também tem o sentido de reflexão, atenção, cautela. Que bom que temos a possibilidade de nos cuidar! É só fazermos a nossa parte, ficarmos em isolamento social usarmos máscaras, álcool gel e seguirmos as determinações dos nossos governantes!

Já tivemos tantas pandemias na história da humanidade: a peste negra, a varíola, o cólera, a gripe espanhola, a poliomielite, a febre amarela no Brasil, a gripe suína.

Também na literatura tivemos obras que relatam períodos de pandemias.

Uma delas, o Cândido de Voltaire, onde o jovem com seu mestre Dr. Pangloss, passa por grandes peripécias, chega a um reino assolado por uma peste, onde conseguem a cura para o povo e também uma vida melhor. Embora o romance se caracterize como uma sátira às ideias de Leibnitz é uma das obras mais conhecidas de Voltaire.

A outra, A Peste de Albert Camus, que se passa numa pequena cidade da costa argelina em 1940, onde ratos saem dos subterrâneos e morrem na cidade, e as pessoas passam a contrair a doença e também a morrer. Nessa obra, o protagonista é o médico Dr. Rieux que luta até que a peste se dissipe.

Outra obra que me ocorre é Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago e narra a história da epidemia de cegueira branca que se espalha por uma cidade, causando um grande colapso na vida das pessoas e abalando as estruturas sociais.

Essas obras falam sobre a nossa condição humana, nossa fragilidade e transitoriedade.
Com certeza, temos que repensar nossas atitudes em todos os sentidos e nossa responsabilidade em face às consequências advindas delas.

Por isso, no momento presente, em que a maior coisa que nos está sendo cobrada é que nos cuidemos, tenhamos todos a responsabilidade de nos cuidar e assim também cuidar dos outros. Fiquemos em nossas casas! Tenhamos alteridade. #fiqueemcasa #usemáscara

domingo, 29 de março de 2020

Para depois de amanhã - poema



Para depois de amanhã


Causar … a flor do dia
um macerado de sonhos
feito à mão
- dedos de sol da manhã

Causar … a flor o perfume
o mel à abelha
o néctar ao beija-flor

Causar… um silêncio
que paira no ar
um vento sestroso
se esgueira entre folhas

Asas de pétalas
esperam mudanças
para depois de amanhã
causar…
um abraço suspenso entre os braços
na fixidez do espaço
até este tempo passar …


Fátima Friedriczewski em 29/03/2020

Quarentena


Quando eu era criança (e isto faz muito, muito tempo), eu lia uma revista em quadrinhos de ficção científica, toda em preto e branco e só a capa era colorida. Nem lembro o nome. Mas lembro algumas histórias. Uma delas, em especial, contava sobre um acontecimento em que as pessoas tinham adormecido à noite, e no outro dia quando acordaram, o mundo estava completamente diferente, não era mais o mesmo.

O momento presente tem me feito pensar sobre isto e refletir sobre muitas coisas. Depois de isto ter passado, seremos os mesmos? O mundo ainda será o mesmo ou estará diferente? Por que isto está acontecendo?

Não falo em culpar aos outros, a ninguém. Sempre falo que se não nos oportunizarmos reconhecer nossos erros (isto serviu para mim, serve para todos nós), não faremos em nós as mudanças necessárias para que nos tornemos pessoas melhores, seres melhores.

De outro modo, também reflito que se algo está para atacar nossa vida física, será que não é por que estamos descuidando do nosso interno?

Da mesma maneira, reflito sobre nossa relação com o mundo, com o planeta. Tanto eu como uma infinidade de protetores de animais somos tidos como loucos, que cuidam de bichos e não de pessoas.

No entanto, repito, muitas vezes, que o início da nossa evolução como seres humanos se dá quando mudamos o nosso olhar e nossas atitudes em face aos animais e quando nos alegramos sinceramente com as vitórias de nossos amigos e de outras pessoas.

Em mais de uma década como militante da causa animal através da ACPA (Associação de Conservação e Proteção aos Animais de Santiago/RS), tenho ouvido reiteradamente a Dra. Eva Maristane Rodrigues Muller falar que cuidar e respeitar aos animais é uma questão de saúde pública e não loucura de protetor.

Assim como o outono faz quedar as folhas da magnólia ao mesmo tempo em que germina o botão da futura flor que alegrará a primavera, desejo sinceramente que esta quarentena seja para todos nós um momento de autoconhecimento, de amor incondicional, de auto-educação para novas e seguras formas de convívio social, de abertura para mudanças para um novo olhar para nossa relação com a nossa grande nave-mãe Terra e, principalmente, com a nossa essência.

Fátima Friedriczewski em 29.03.2020

segunda-feira, 23 de março de 2020

Fábio da Rosa Monteiro - Patrono da 21ª Feira do Livro de Santiago/RS



Fábio da Rosa Monteiro nasceu em 24 de junho do ano de 1987 em Santiago/RS, filho de José Valdir Monteiro e Mara da Rosa Monteiro, mas seu pai do coração foi Ângelo Tadeu Linhares. Alfabetizado em casa pela mãe, iniciou seus estudos na antiga escola municipal Marechal Rondon.
Nas letras, começou a escrever seu primeiro livro aos 9 anos de idade sobre a história de Santiago, tendo como referencial pra seguir este caminho o seu padrinho e pesquisador Valdir Amaral Pinto. Nesse aspecto de pesquisa, iniciado desde cedo, privou contatos com santiaguenses históricos tais como Zilá Lopes de Figueiredo Pinto, Olgy Aquino Krebs, Túlio Piva, Lore Chagas, Zezé Carvalho, entre outros ilustres cidadãos, dos quais não só manteve convívio, mas gravou e documentou conversas com os mesmos.
Assim, foi formando um vasto acervo sobre a história de Santiago que compõe em sua biblioteca particular com mais de 3 mil livros, direcionados à literatura e história, mais de mil discos de vinil com enfoque às coleções regionalistas, além de objetos que compuseram lugares históricos de Santiago como a cruz de prata que foi do altar da Antiga Igreja Matriz e o harmônio musical do antigo templo, além de todos os exemplares de cada jornal que circulou em nossa cidade desde sua emancipação até agora.
 Possui em seu poder a maior coleção de fotografias antigas da cidade com mais de 500 fotos que retratam a nossa cidade antiga. Todo esse conjunto, faz do seu acervo o segundo maior acervo particular da cidade.
Ainda com pouco mais de 10 anos de idade, começou a escrever colunas em jornais da cidade, e assim o fez por mais de 15 anos, tendo colaborado nos jornais Expresso Ilustrado, a Folha, e Matéria Prima e RBS TV. Foi motivo de reportagem dos jornais Correio do Povo, Zero Hora e A Razão, totalizando em mais de 2 mil aparições em jornais entre colunas e entrevistas. Tudo devidamente documentado. Como palestrante, percorreu todas as escolas de Santiago e região falando sobre a nossa história e as missões jesuíticas, sendo o responsável em 2007 pela atualização de dados históricos da cidade de Santiago.
Escritor, é o autor que mais dissertou sobre a história de Santiago, trazendo vários títulos como:
·         Santiago, estampas do passado – 2006;
·         O amor e os sonhos – 2006;
·         Santiago, retratos do passado – 2007;
·         Inventário Histórico de Santiago – 2008;
·         João Goulart, Suas Memórias em Santiago – 2009;
·         50 anos nos caminhos da educação – 2012;
·         Meu ídolo Teixeirinha – 2012;
Atualmente continua ministrando palestras sobre a história de Santiago, membro da Casa do Poeta de Santiago. É formado em história pela UNOPAR polo de Santiago. É presidente da COORPS – Cooperativa de Trabalho Riograndense de prestadores de Serviços LTDA.


      Por ocasião da 21ª Feira do Livro, lançou seu livro: Santiago: em algum lugar do passado, compêndio abrangendo a história de Santiago até os dia atuais.