domingo, 29 de março de 2020

Quarentena


Quando eu era criança (e isto faz muito, muito tempo), eu lia uma revista em quadrinhos de ficção científica, toda em preto e branco e só a capa era colorida. Nem lembro o nome. Mas lembro algumas histórias. Uma delas, em especial, contava sobre um acontecimento em que as pessoas tinham adormecido à noite, e no outro dia quando acordaram, o mundo estava completamente diferente, não era mais o mesmo.

O momento presente tem me feito pensar sobre isto e refletir sobre muitas coisas. Depois de isto ter passado, seremos os mesmos? O mundo ainda será o mesmo ou estará diferente? Por que isto está acontecendo?

Não falo em culpar aos outros, a ninguém. Sempre falo que se não nos oportunizarmos reconhecer nossos erros (isto serviu para mim, serve para todos nós), não faremos em nós as mudanças necessárias para que nos tornemos pessoas melhores, seres melhores.

De outro modo, também reflito que se algo está para atacar nossa vida física, será que não é por que estamos descuidando do nosso interno?

Da mesma maneira, reflito sobre nossa relação com o mundo, com o planeta. Tanto eu como uma infinidade de protetores de animais somos tidos como loucos, que cuidam de bichos e não de pessoas.

No entanto, repito, muitas vezes, que o início da nossa evolução como seres humanos se dá quando mudamos o nosso olhar e nossas atitudes em face aos animais e quando nos alegramos sinceramente com as vitórias de nossos amigos e de outras pessoas.

Em mais de uma década como militante da causa animal através da ACPA (Associação de Conservação e Proteção aos Animais de Santiago/RS), tenho ouvido reiteradamente a Dra. Eva Maristane Rodrigues Muller falar que cuidar e respeitar aos animais é uma questão de saúde pública e não loucura de protetor.

Assim como o outono faz quedar as folhas da magnólia ao mesmo tempo em que germina o botão da futura flor que alegrará a primavera, desejo sinceramente que esta quarentena seja para todos nós um momento de autoconhecimento, de amor incondicional, de auto-educação para novas e seguras formas de convívio social, de abertura para mudanças para um novo olhar para nossa relação com a nossa grande nave-mãe Terra e, principalmente, com a nossa essência.

Fátima Friedriczewski em 29.03.2020

Nenhum comentário:

Postar um comentário