quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Um poeminha de nada



        A   estrangeira

Não é apenas a extasiante perplexidade
ante a beleza da nova terra,
o que a estrangeira sente.

Nos seus sentidos há a lembrança
das coisas que não há olvido:
a rua antiga, as casas baixas,
o cheiro de coisas velhas
que denotam histórias imemoriais.

Ou os sonhos da juventude
que a fizeram tão humana e mortal
e que agora tão distantes estão,
por algum pequeno momento retornam
quando não deveriam voltar.

A estrangeira, a peregrina,
tem a coragem de partir sempre
sem olhar para trás,
porque o infinitezimal instante de pausa
toda a viagem pode por a perder.

Que a vida permaneça na estrangeira
até que se dissipe a última fumaça de ilusão
de sua alma.

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Esta tarde visitei uma senhora de 110 anos e senti uma emoção tão grande, que não deveria sentir, e acabei fazendo este poeminha de nada.

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